sábado, 14 de agosto de 2021

Líderes

Como plural é uma palavra de pronuncia difícil em Portugês, tal como 'design', acabamos por não a pronunciar bem nem em Português nem em Inglês... mas adiante, vem-me à cabeça aquele cartoon que ilustra bem a situação: vai uma pessoa à frente de uma multidão, a piada é que não vai a liderar, mas sim a ser empurrada por essa multidão. É uma boa imagem de um certo tipo de líder político, para não generalizar, que vai por onde vai porque aqueles que o apoiam, os seus seguidores, o estão a empurrar por esse caminho. 

Que resta pois a um verdadeiro líder, senão de tempos em tempos arriscar deixar de ter seguidores? Mas é claro, só um verdadeiro líder sabe assumi-lo necessário, outros temem tanto perder a sua base de seguidores, que não conseguem manter os seus princípios - admitindo que os têm - sempre que os tais seguidores os empurram numa direção para onde não querem ir.

Nos tempos que correm, ter seguidores passou a ser o objetivo de vida de todos os que se socorrem das novas tecnologias para construir o seu modo de vida. Para esses é algo essencial, a que dedicam o seu tempo, que consideram bem empregue: a conquista, manutenção e expansão da sua base de seguidores, base também do seu negócio e sustento. O sucesso nas redes sociais mede-se pelo número de seguidores. O rendimento também lhe é proporcional. O número de visualizações dos conteúdos publicados determina o grau de sucesso, ou seja, o sucesso é para os famosos, e os famosos têm de agradar aos seus seguidores. 

No domínio da música, que conheço melhor, é importante sabermos quem são os nossos simpatizantes, para entre eles descobrirmos os nossos fãs, e entre eles os nossos patrocinadores, que serão os consumidores dos nossos produtos, musicais e não só, numa espécie de funil de relações públicas, e sem esse trabalho de marketing não conseguimos conquistar audiências nem sequer simplesmente ser ouvidos, mesmo que seja à borla. 

O excesso de oferta musical funciona mais ou menos como os brinquedos para as nossas crianças, os nossos netos: são tantos os brinquedos que há poucas hipóteses de algum deles vir a ser apreciado devidamente. Como entre tantos milhões de possíveis ouvintes, cada um deles tem milhões de músicas possíveis para ouvir... só há uma solução: conquistar, manter e expandir um número de seguidores, quanto mais incondicionais melhor, ou então é certo que mesmo a melhor sinfonia jamais criada vai passar despercebida. Ou seja, conquistada a possibilidade de um mundo global, criamos pequenas aldeias virtuais para podermos existir ainda.

Entre os escritores passar-se-á o mesmo, já tenho detetado um certo ressentimento por parte de escritores conhecidos meus relativamente aos famosos da televisão, que têm também sucesso como escritores, mais por serem famosos do que por serem escritores. O que não deixa de ser injusto para alguns deles, que são bons escritores, "apesar" de famosos. Mas vendem porque são famosos, não por escreverem bem, e daí o tal ressentimento. Nada a fazer, é assim mesmo.

Mas voltando ao tema, serão eles necessários, os líderes? Os verdadeiros sim, os outros não. Se forem úteis, sim. Se forem iguais a nós, se tiverem problemas iguais ou maiores do que nós temos, dívidas iguais ou maiores que a nossa, obstáculos iguais ou maiores do que nós temos, e ainda assim nos demonstrem, pelo exemplo, como agir perante os problemas, essas montanhas que se erguem no nosso caminho. Que nos ensinem a circum-navegá-las, a contorná-las... e a reparar naquele riacho que se formou no sopé da montanha, nos peixinhos que se criaram nele, na beleza da vegetação que se forma nas suas margens, no conforto ao caminhar à sua sombra.

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